PALÁCIO NACIONAL DE MAFRA E OS SEUS GUARDAS
Esta publicação é muito mais que sobre a soberba Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra.
Podemos não adorar. Achar feios e uma série de outros adjectivos menos simpáticos. Para além do Batman, por aqui, adoramos morcegos. São simplesmente fantásticos.
Mas comecemos então, como tudo, pelo princípio.
Este conjunto arquitectónico barroco tendo sido iniciado em 1717 e a sagração da basílica em 1730. O complexo tem importantes colecções de escultura e pintura italiana, dois carrilhões seis órgãos históricos e a sua imponente biblioteca!
Mandado construir por El-Rei D. João V para cumprimento de voto pelo nascimento do primogénito.É um dos Palácios com maior implantação na Europa
com 38.000 m2. Dois carrilhões com 92 sinos vindos da Flandres e ao seu tempo o maior do Mundo.
A sua biblioteca tem cerca de 30 mil volumes sendo que o Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro, dispões de mais volumes que faziam parte desta colecção.
Foi residência de Estado durante a regência do príncipe D. João VI e recebeu aquartelamento desde as Invasões napoleónicas. D. Manuel II seguiu para o exílio desde aqui a 5 de Outubro de 1910.
Dizem as más línguas que o resto da fortuna da coroa, foi aqui gasta, na construção do palácio e na compra das obras de arte e constituição da biblioteca.
Os mais medrosos acreditam que nas suas catacumbas existem ratos de tamanhos Homéricos!
Crenças, medos e outras considerações à parte, este palácio e todo o seu conjunto arquitectónico são de enorme beleza e têm consigo o peso deste estilo pela
sua escala. Destaca-se no horizonte desde km’s de distância e hoje em dia sofrem com as grandes pás dos aerogeradores que servem de pano de fundo!
Voltemos ao que aqui nos trouxe hoje. Os guardiões alados da biblioteca do Palácio Nacional de Mafra. Manter milhares de livros a salvo de húmidade, do mofo, e das mordidas dos bichos. Os arquitectos projectaram paredes de 1,80m para proteger das intempéries do exterior. E diariamente o pó é limpo e retirado. E depois... depois há os morcegos.
Ao longo de séculos, pequenas colónias de morcegos emprestam os seus conhecimentos no controlo de pragas. Durante o dia empoleirados passam despercebidos nas altas estantes, enquanto peritos consultam obras e turistas
admiram a arquitectura. Mas à noite o cenário muda e na escuridão voa guiado pelo seu sonar alimentando-se de traças e besouros que de outra forma danificavam as obras expostas.
A entrada dos morcegos data do século XVIII quando há registo da compra de grandes telas de couro vindas da Rússia para proteger os livros do guano (fezes dos morcegos). Ainda hoje o sistema é usado.
Embora os visitantes perguntem pelos morcegos, os empregados da biblioteca deixam-nos em paz. Apesar de estarmos num local de conhecimento, pouco se sabe dos morcegos. Sabe-se que há duas espécies - o Europeu de cauda livre e o soprano pipistrelles (morcego em italiano), ambos de pequeno porte e super-ágeis.
Quando se mudaram as portas da biblioteca em 2015, foram mantidas as aberturas que os morcegos usam para saírem e irem beber água ao rio. Aberturas essas que se especula que os antigos empregados da biblioteca introduziram. Enfim... estes pequenos mamíferos voadores fazem parte da vida deste monumento humano.